5.6.06

serralves em festa







Há lugares assim.
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Bem projectados. Bem feitos. Bem cuidados. Detentores de uma espécie de civilidade interínseca, que se estende às pessoas que os frequentam.
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Vem isto a propósito de 40 horas de festa no Parque de Serralves.
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Dos muitos milhares de pessoas que por lá andaram, que por lá fumaram, beberam, comeram, sem terem deixado um sem-número de detritos espalhados pelo chão. (E por lá andavam, note-se, os moradores dos bairros sociais vizinhos à mistura com novos e velhos ricos, com as classes média e assim-assim, com a elite política e intelectual do burgo).
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Onde estava, no fim de semana passado, a gente que habitualmente anda por aí - a que estaciona em 2ª fila, não respeita passadeiras nem quando chove, deixa os seus animais domésticos tornarem impraticável o mais pequeno quadrado de relvado?
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É exactamente a mesma que todos os dias se vê obrigada às sacrossantas horas perdidas nos transportes da periferia para o centro, e depois do centro para a periferia, a mesma que diariamente tem que respirar o mesmo ar envenenado, olhar o céu através da mesma nuvem de poluentes, a que reparte o mesmo espaço urbano abrutalhado, onde toda a gente se atropela e ninguém se vê.
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E que, quando não submetida ao stress do caos citadino, se revela afinal capaz de agir como gente civilizada.
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Para quando, senhores autarcas, olhar-se mais para o Urbanismo, (que nem começa, nem acaba, nem se esgota na volumetria dos edifícios, como algumas vezes nos querem fazer crer), e um pouco menos nos interesses de construtores, imobiliárias, finaceiras & afins?
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Para quando, senhores munícipes, começarmos a exigir qualidade no espaço, qualidade no ar, qualidade na vida das nossas cidades?
Não somos nós quem anda a pagar?
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de cima para baixo, da esquerda para a direita:
1. prado; 2. jardim romântico; 3. entre o prado e a colecção de aromáticas; 4. jardim romântico; 5, 6 e 7. jardim neo-clássico
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PS: Todos os anos é assim. Um imenso leque de iniciativas. Abrangendo manifestações todas artes, em versão contemporânea, para todas as idades. De borla. Para toda a gente.
Andar por ali, ver reacções, ouvir comentários, fez-me lembrar o tempo em que era politicamente correcto (e conveniente...) barafustar contra a construção do museu, em detrimento de se gastar o dinheiro a levar cultura às zonas mais desfavorecidas. Alguém ainda se lembra disso?

1 comentário:

João disse...

Pois é.. eu fui um dos muitos que também passei por lá no "Serralves em Festa".

Foi bom! Muito bom!