«(...)
Aqui, passamos semanas com o lixo a acumular-se em pilhas, até que alguém se farta e lhes lança fogo. De vez em quando, ao acordar, verificamos que foi tudo recolhido.
Mas tudo isto se repete há muito tempo e tem implicações sérias na vida quotidiana.
As ruas de Nápoles já estão em mau estado de conservação e com os montes de detritos que ocupam o espaço, só uma fila de carros consegue ter espaço para passar. É trânsito numa faixa de rodagem, resíduos empilhados na do lado.
Não existem passeios, pelo que os peões têm que circular pelo meio da rua para contornar o lixo. É perigoso e obriga a estar constantemente alerta aos carros e motorizadas a passar.
Há muito pouca reciclagem, e obviamente não existem sistemas sofisticados de recolha de resíduos. Portanto, tudo vai parar à via pública.
Existem grandes preocupações quanto ao facto de, com a incineração de tanto lixo nas ruas, incluindo substâncias tóxicas de todo o tipo, haver riscos acrescidos para a saúde pública.
E há o cheiro. Um odor pestilento invade permanentemente a casa toda devido aos resíduos fumegantes. (...)
As pilhas de lixo também atraem os animais sem dono. Ontem fomos de carro ao aeroporto e passamos por dúzias de colinas de detritos, cada uma com o seu bando de animais a esgravatar. Cães e gatos, na maioria, mas também apareciam ratos.
(...)»
Este pequeno relato de um estrangeiro residente em Nápoles, aqui em tradução livre de um texto da BBCNews, dá-nos a dimensão do absurdo.
Quando, há uns anos, rebentou em Itália o escândalo das ligações entre os políticos e o crime organizado, lembro-me de o arquitecto Vittorio Gregotti expor o seguinte raciocínio: sendo a corrupção em larga escala um fenómeno comum à generalidade das democracias, o facto de lá ter vindo a público primeiro colocava a democracia italiana um passo à frente das outras neste campo.
Adaptando a ideia, podemos dizer que o caso napolitano é um exemplo, mais uma vez levado ao extremo, das teias de corrupção que porventura dominam a generalidade das administrações municipais e dos riscos que todos podemos vir a correr se não optarmos por controlar a maioria dos interesses instalados. E por fiscalizar quem nos administra a coisa pública.
Sendo que muitas vezes os negócios até correm, ao que se consegue ver, dentro da mais estrita legalidade. Mas nem assim deixam de nos minar a vida.
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Aqui, passamos semanas com o lixo a acumular-se em pilhas, até que alguém se farta e lhes lança fogo. De vez em quando, ao acordar, verificamos que foi tudo recolhido.
Mas tudo isto se repete há muito tempo e tem implicações sérias na vida quotidiana.
As ruas de Nápoles já estão em mau estado de conservação e com os montes de detritos que ocupam o espaço, só uma fila de carros consegue ter espaço para passar. É trânsito numa faixa de rodagem, resíduos empilhados na do lado.
Não existem passeios, pelo que os peões têm que circular pelo meio da rua para contornar o lixo. É perigoso e obriga a estar constantemente alerta aos carros e motorizadas a passar.
Há muito pouca reciclagem, e obviamente não existem sistemas sofisticados de recolha de resíduos. Portanto, tudo vai parar à via pública.
Existem grandes preocupações quanto ao facto de, com a incineração de tanto lixo nas ruas, incluindo substâncias tóxicas de todo o tipo, haver riscos acrescidos para a saúde pública.
E há o cheiro. Um odor pestilento invade permanentemente a casa toda devido aos resíduos fumegantes. (...)
As pilhas de lixo também atraem os animais sem dono. Ontem fomos de carro ao aeroporto e passamos por dúzias de colinas de detritos, cada uma com o seu bando de animais a esgravatar. Cães e gatos, na maioria, mas também apareciam ratos.
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Este pequeno relato de um estrangeiro residente em Nápoles, aqui em tradução livre de um texto da BBCNews, dá-nos a dimensão do absurdo.
Quando, há uns anos, rebentou em Itália o escândalo das ligações entre os políticos e o crime organizado, lembro-me de o arquitecto Vittorio Gregotti expor o seguinte raciocínio: sendo a corrupção em larga escala um fenómeno comum à generalidade das democracias, o facto de lá ter vindo a público primeiro colocava a democracia italiana um passo à frente das outras neste campo.
Adaptando a ideia, podemos dizer que o caso napolitano é um exemplo, mais uma vez levado ao extremo, das teias de corrupção que porventura dominam a generalidade das administrações municipais e dos riscos que todos podemos vir a correr se não optarmos por controlar a maioria dos interesses instalados. E por fiscalizar quem nos administra a coisa pública.
Sendo que muitas vezes os negócios até correm, ao que se consegue ver, dentro da mais estrita legalidade. Mas nem assim deixam de nos minar a vida.
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