17.1.08

será que a gente não aprende?

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«(...) Os estudos técnicos podem vetar ou validar soluções políticas. Não podem substituí-las. Aos técnicos o que pertence ao foro técnico, aos políticos o que pertence ao foro da política. Esta decisão merece ficar nos nossos anais democráticos como um caso exemplar de desresponsabilização política e de instrumentalização das opções técnicas.

«(...) A localização ao aeroporto a sul do Tejo acentua dramaticamente o crescente descentramento do país para sul, que a opção pela rede do TGV já prenunciava. Em vez de ficar situado perto do centro de gravidade populacional nacional, como era o caso da Ota, na fronteira entre a Grande Lisboa, o Oeste e o centro, a nova localização fica decididamente desviada para a periferia sudeste da região de Lisboa e Vale do Tejo. A população está a norte do Tejo; um equipamento nacional estratégico para o equilíbrio do país e todo o investimento que ele arrasta fica a sul. Com muito menos população, o país a sul do Tejo ficará em breve com três aeroportos (Lisboa, Beja e Faro), enquanto a toda a região central de entre Douro e Tejo não terá nenhum. Não se poderia imaginar maior assimetria territorial.

(...) Entretanto, a solução do TGV passou para uma alegada rede em "L", com ligação a Madrid via sul do Tejo e Badajoz, o que na verdade significa um traçado em "V"; ficando Madrid uma latitude a norte de Coimbra, é fácil ver que para viajar por TGV do Porto para a capital de Espanha via Lisboa é o mesmo que viajar para Lisboa via... Vila Real. Soma-se agora a deslocação do novo aeroporto internacional para o Sul, mesmo se a esmagadora maioria dos seus utentes directos residem a norte do Tejo, tornando o acesso ao aeroporto mais distante, mais demorado e mais caro (...)»

Via o jumento, um excerto de Vital Moreira a propósito do novo aeroporto.

Resta-me lembrar mais uma vez que os senhores que decidem estas coisas são a modos que nossos funcionários, pagos com o dinheiro dos nossos impostos, e contratados em função dos nossos votos nas legislativas (elegendo os membros da Assembleia da República e não o Executivo, que não passa de um grupo de gestores com contrato a termo certo. É àqueles que, em primeira análise, se devem pedir responsabilidades quanto aos sucessivos e rotundos falhanços nas funções de fiscalização das acções dos seus 'subordinados').
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