
Pois é, agora é tudo um pouco estranho.
Em Matosinhos, a linha de metro empurrou as diversões para o meio de uma área habitacional. Verdadeiramente ao estilo do cinema mudo. Cada pista, cada carrocel, cada barraca, debita milhares de watts de luzes ritmadas e coloridas, mas, vizinhança obriga, de nenhum lado se ouve som. Só campainhas de aviso.
As hordas que gente que desde sempre por ali se juntava de lata de cerveja na mão, a ver passar quem passa, a ver passar berlights e a balançar ao ritmo de uma ou outra música, dispersa-se agora pelas esplanadas concentradas mais perto da entrada do recinto, e bebe em copos.
Sim, porque agora há um recinto. E se parte da feira se estende ainda pela avenida acima, será com certeza pela impossibilidade física de os meter a todos lá dentro, por enquanto.
Claro que também me queixo do trânsito que não rola, dos lugares de estacionamento em falta porque a festa ocupa o maior parque (e gratuito...) do centro da cidade, da confusão que sempre se instala nestes dias.
Mas tenho sobretudo saudades do tempo em que a fraca pressão urbana lhe deixava espaço para se espraiar, sem espartilhos, em que era possível jogar umas partidas de matrecos, porque havia bem mais do que a única barraca de jogos que hoje serve toda a feira.
Como tenho saudades do tempo em que ali se encontravam os trabalhos dos melhores mestres do figurado de Barcelos, e em que as figuras para as cascatas apareciam feitas em moldes de jeito, e com pinturas cuidadas.

A festa agora faz-se em semi-silêncio, bem comportada, e os objectos da nossa cultura popular, é mais fácil encontrá-los à venda... nos museus.
imagens: noite de fogo-de-aritfício das festas da Senhora da Hora.
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