Feliz ou infelizmente, nasci nesta lusa terra. De pais e avós portugueses, mas em cujas famílias são ainda bastante visíveis alguns traços das diversas culturas que as foram compondo - celtas, judeus e gregos, pelo menos, estão presentes. Nesta lusa terra, feliz ou infelizmente, nasceu a minha filha. De pais e avós portugueses. E que à minha herança acrescenta a do lado parterno, no qual se cruzam também alemães de olhos azuis e mulatas brasileiras, ainda que nas últimas gerações já todos fossem naturais daqui.
Quer isto dizer que, à partida, ela já nasceu mais rica, uma mistura mais complexa. Na mais pura tradição nacional.
Ao longo da vida, não devo ter encontrado muitos conterrâneos a cujas origens não se aplicasse uma formação em tudo semelhante - mais ou menos para trás no tempo, somos todos resultantes da fusão das populações autóctones com as diversas colónias que aqui se foram fixando. Desde a pré-história, se bem se lembram.
Isto é uma condição geográfica. Não é um fatalismo, nem uma escolha. Nem é essencialmente diferente dos movimentos migratórios actuais - o mundo é que está mais perto.
Não consigo compreender, em consequência, a quantidade de horas que os meus conterrâneos despendem a dissecar a naturalidade e as origens dos elementos que compõem as diversas selecções nacionais presentes no Mundial da Alemanha. Nomeadamente pessoas cultas, ou supostamente cultas, como muitas das que têm gasto infindos minutos a discutir estas coisas em tudo o que é canal de televisão.
Penso que devem ter parado no tempo em que os oceanos dividiam o mundo. E que continuam com a bitola histórica um tanto ou quanto descalibrada.
Sem comentários:
Enviar um comentário