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Ora, no dia em que eu finalmente consigo gravar as 'moving pictures', cai o ministro!
As ditas 'pictures' são basicamente da sala de colheitas e laboratórios do Centro Regional de Sangue do Porto, em cujo sector de Agentes Transmissíveis cumpri seis anos e meio de sucessivos contratos a prazo de seis meses.
Eu trabalhava com o outro lado, como costumava dizer. Era a partir do momento em que se detectava algum problema analítico e a unidade de sangue era inutilizada que se iniciava a minha acção: cuscar no lixo - era preciso fazer levantamentos, cruzar confirmações de resultados, notificar doentes.
Às vezes, era um verdadeiro trabalho de detective. Um dia um nome soou-me familiar, vai daí fui à cata e detectamos um portador de HIV, conhecedor do facto, que andava a tentar doar sangue em vários sítios (sem sucesso em nenhum deles, refira-se). Acontece...
De resto, ainda não sei se era verdadeiramente hilariante ou se isso foi uma defesa minha para não ceder ao desespero que é trabalhar na Administração Pública. Digamos que, na prática vigente, a principal função de qualquer um é empatar a vida ao vizinho, quanto mais não seja para demonstrar que tem essa capacidade dentro do quintal. Às vezes era melhor do que cinema!
Talvez os senhores que estudam o fenómeno da (im)produtividade nacional devessem deter-se um pouco neste nosso espírito de pequena inveja.
Mas tenho que reconhecer que era um sítio democrático: a 'elasticidade' de horários não era só para os médicos e funcionários superiores, mas um direito de toda a gente!
Nos últimos dois anos, o cenário ganhou contornos de ficção científica: novas instalações, de raiz, laboratórios de alto rendimento. Um dia lembrei-me de fotografar os ambientes dos meus circuitos diários pelo edifício que, além de bonito, foi pensado de forma muito inteligente (a ARX Portugal, que assina o projecto, não pode ser responsabilizada pelas decorrências de, com a obra já avançada, ter sido alterada a encomenda).
Nunca consegui foi o meu grande objectivo: fazer passar «Espécie de Vampiro», de Jorge Palma, em som de fundo na sala de colheitas. Aqui fica, portanto, uma pequena vingança...
Nota: a escolha da música é um pequeno exercício lúdico, uma ironia que se impunha, que em nada se confunde com a minha opinião sobre a acção do CRSP ou do IPS.
Ora, no dia em que eu finalmente consigo gravar as 'moving pictures', cai o ministro!
As ditas 'pictures' são basicamente da sala de colheitas e laboratórios do Centro Regional de Sangue do Porto, em cujo sector de Agentes Transmissíveis cumpri seis anos e meio de sucessivos contratos a prazo de seis meses.
Eu trabalhava com o outro lado, como costumava dizer. Era a partir do momento em que se detectava algum problema analítico e a unidade de sangue era inutilizada que se iniciava a minha acção: cuscar no lixo - era preciso fazer levantamentos, cruzar confirmações de resultados, notificar doentes.
Às vezes, era um verdadeiro trabalho de detective. Um dia um nome soou-me familiar, vai daí fui à cata e detectamos um portador de HIV, conhecedor do facto, que andava a tentar doar sangue em vários sítios (sem sucesso em nenhum deles, refira-se). Acontece...
De resto, ainda não sei se era verdadeiramente hilariante ou se isso foi uma defesa minha para não ceder ao desespero que é trabalhar na Administração Pública. Digamos que, na prática vigente, a principal função de qualquer um é empatar a vida ao vizinho, quanto mais não seja para demonstrar que tem essa capacidade dentro do quintal. Às vezes era melhor do que cinema!
Talvez os senhores que estudam o fenómeno da (im)produtividade nacional devessem deter-se um pouco neste nosso espírito de pequena inveja.
Mas tenho que reconhecer que era um sítio democrático: a 'elasticidade' de horários não era só para os médicos e funcionários superiores, mas um direito de toda a gente!
Nos últimos dois anos, o cenário ganhou contornos de ficção científica: novas instalações, de raiz, laboratórios de alto rendimento. Um dia lembrei-me de fotografar os ambientes dos meus circuitos diários pelo edifício que, além de bonito, foi pensado de forma muito inteligente (a ARX Portugal, que assina o projecto, não pode ser responsabilizada pelas decorrências de, com a obra já avançada, ter sido alterada a encomenda).
Nunca consegui foi o meu grande objectivo: fazer passar «Espécie de Vampiro», de Jorge Palma, em som de fundo na sala de colheitas. Aqui fica, portanto, uma pequena vingança...
Nota: a escolha da música é um pequeno exercício lúdico, uma ironia que se impunha, que em nada se confunde com a minha opinião sobre a acção do CRSP ou do IPS.
PS - Quanto ao ministro, e nesta altura do campeonato, gostava mais que não tivesse sido substituído por um médico. A ver vamos...
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