15.4.08

há 3/4 de século

aFamília Costa, Paião, anos 30.

Uns anos depois deste 'cliché', a mesma senhora foi à loja do fotógrafo comprar um outro, da menina já adolescente, que o homem tivera a ousadia de pintar a aguarela (o Photoshop daquele tempo) e pôr na montra. Ter o retrato afixado não condizia com o recato conveniente a uma donzela em lado nenhum, muito menos no Portugal salazarista.

O senhor negociava fazendas e artigos funerários em terra de alfaiates. Republicano convicto e ateu, não deixava de cultivar profunda amizade com o pároco da vila. Rezam as crónicas que era também um grande democrata e defensor do pluralismo de ideias. Em sua casa reuniu, durante muitos anos, uma pequena tertúlia de oposicionistas locais no seio da qual circulavam, entre outras coisas, as edições clandestinas do «Avante!».

A menina é minha avó. Ainda hoje mantém o mesmo gosto pelo aprumadinho.
a

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